Fé que deseja saber não é um ambiente de "respostas prontas" mas um veículo de "excitação da consciência" de estímulo a uma fé consciente, pensante, viva e atual. Os artigos nao visam apenas informar, esclarecer, ressignificar conceitos e resgatar o espírito de nossas práticas, mas sobretudo, questionar, suscitar dúvidas, provocar o diálogo e dissipar o obscurantismo intelectual que grassa em nossas comunidades de fé. Meu desejo é que todos tenhamos uma fé consciente.




Tenho apenas um padrão de conduta: Jesus




Tenho apenas uma mensagem: O evangelho































































quinta-feira, 14 de abril de 2011

UMA CONCEPÇÃO NADA CONVENCIONAL A RESPEITO DO PECADO

             
              Pecado na concepção tradicional quer dizer “errar o alvo” na concepção liberal significa “mal desumanizante”.  Não acredito que essas acepções sejam contraditórias e ambivalentes. Pecado é tanto uma desobediência as leis divinas quanto um mal desumanizante, essas duas realidades não são excludentes, elas se afetam mutuamente.  Dessa forma quando pecamos mais do que pecar contra Deus pecamos contra nós mesmos. Pecado é a maldade do homem voltada contra si mesmo. Agostinho em confissões admite que o pecado denigre a imagem de Deus em nós.  Acaso não confessei diante de ti meus DELITOS CONTRA MIM, ó meu Deus? Desse modo quando pecamos fazemos mal a nos mesmos e não a divindade.  Porque dizemos que o pecado desagrada ou entristece a Deus? Porque ele nos faz mal, nos desumaniza nos bestializa, nos diminui, nos torna menos parecido com Jesus.  
Quando Deus diz: Não faças isso! Não toques nisso! Ou faças isso ou aquilo ele está cuidando de nós, nos protegendo de nossos impulsos carnais e natureza inconseqüente. Deus não proíbe por proibir, todos os mandamentos de Deus em essência são preventivos. Porque Jesus aconselhou a ex-adultera que não voltasse mais a adulterar? Vai e não peques mais, para que não te suceda coisa pior. Jesus sabe que o pecado gera “mortes” em todas as dimensões da vida.  
Pecado é pecado porque faz mal. Faz mal a quem? A Deus? De maneira nenhuma! Faz mal a nós mesmos! Mas infelizmente nem todos os seres humanos conseguem discernir a essência do pecado.  Nesse sentido há algumas coisas que precisamos saber a respeito do pecado.
 Primeiro, o pecado é injustificável. Tentar justificar aos outros o nosso pecado não é sinônimo de arrependimento, mas de orgulho e remorso. É uma espécie de autoflagelação, uma maneira de dizer a nós mesmos que não devíamos ter errado desse modo o pecado deixa de ser encarado como um mal desumanizante para ser uma frustração pessoal em relação as nossas capacidades. Frases do tipo: Errar é humano, o pecado “faz parte” são subterfúgios que tentam legitimar ou justificar nossos pecados como toleráveis e aceitáveis até certo ponto.
Segundo, o pecado só ofende a Deus ou fere a santidade de Deus, porque primeiramente ofende e fere a imagem de Deus em nós. Quando pecamos não desonramos a Deus, ele tem honra em si mesmo, desonramos a imagem de Deus revelada em nós. Deus não é narcisista, não é alimentado com hinos como ensinam alguns. Deus como um pai sente prazer e desprazer em nós, tristeza com a morte do ímpio e alegria com a salvação de pecadores, Deus tem sentimentos, mas não é volúvel. Portanto como o pecado é coisa de criatura só afeta quem é criação, e Deus como criador não aceita que suas criaturas sejam desfiguradas pelos efeitos do pecado. Pecado continuará sendo pecado não por que a teologia diz que é, mas porque a própria existência não suporta seus efeitos.
Mentir, fingir, ignorar, omitir, trair, enganar, violentar, roubar, matar...  É pecado. Por quê? Porque a Bíblia diz que é? E quando não existiam bíblias? Épocas de Adão, Noé e Abraão? Sabemos que essas coisas são pecados porque a bíblia discrimina, mas mesmo se a bíblia não dissesse ou não tivéssemos acesso a essas informações saberíamos por uma intuição divina que essas coisas não fazem parte da nossa essência.