Alguns intérpretes afirmam que essa “cláusula de exceção” existe somente em Mateus, eles dizem que comunidade judaica fez esse acréscimo ou comentário ainda no primeiro século. Mas o fato de ela não existir nos outros evangelhos não significa que está sob júdice, afinal cada evangelho tem suas peculiaridades.
Outros dizem que Jesus diz: Aquele que repudiar e não aquele que se divorciar. Repúdio e divórcio eram coisas diferentes na cultura judaica. No entanto sem levar em consideração essas controvérsias segue abaixo uma reflexão a respeito de como entendo esse texto.
· Jesus não estava formulado regras proibitivas acerca do divórcio, ele estava combatendo a teologia liberal de Hillel que banalizava o casamento a ponto de ensinar que o marido podia se divorciar por “qualquer motivo, motivos banais e mesquinhos”.
· A exceção de Jesus não é um mandamento, nem tampouco a regra de ouro do divórcio, mas um caminho para a compreensão de que não devemos abrir mão do nosso casamento por qualquer motivo.
· Jesus utilizou o “adultério” como ilustração de um problema que “beira o limite da insuportabilidade” capaz minar a confiança e o amor de qualquer relação, ele poderia ter elencado vários problemas, mas se ele prolongasse a lista nós a seguiríamos literalmente legalizando o casamento que deve se mantido por amor e não por leis proibitivas. Acredito que um dos piores problemas que um casal pode enfrentar é o adultério, poucos casamentos resistem ao perdão, perdão que muitas vezes gera cobrança, desconfiança e culpa. A mensagem de Jesus é clara: Casamento é coisa séria, não o trate levianamente, não abra mão de um compromisso matrimonial por qualquer motivo.
· Jesus esboçou essa exceção dentro de um contexto circunstancial: Machista, preconceituoso, patriarcal, “tensão” entre as interpretações de Hillel e Shamai. Paulo adiante insere mais uma clausula de exceção: O abandono. Essas cláusulas não devem ser seguidas rigidamente, são caminhos que nos levam a compreensão de que divórcio sempre será uma EXCEÇÃO.
· Aquele que contrai diversos casamentos está prejudicando a si mesmo, acumulando feridas, frustrações, insegurança relacional e descrédito moral. Somente quem não conhece Jesus e os efeitos do pecado trata o casamento levianamente.
· A palavra adultério no grego é pornéia que equivale a “praticas sexuais ilícitas”. Alguns sugerem que pornéia significa uma “conduta pecaminosa” e não um “ato pecaminoso”. Uma conduta pecaminosa está relacionada ao caráter de uma pessoa, um ato pecaminoso tem a ver com um deslize, uma falha, um ato isolado porque não faz parte do estilo de vida de quem pratica. O espírito da exceção é claro: Casamento é uma aliança de vida e não um contrato civil, quem ama não abre mão de um casamento por qualquer motivo.

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