Fé que deseja saber não é um ambiente de "respostas prontas" mas um veículo de "excitação da consciência" de estímulo a uma fé consciente, pensante, viva e atual. Os artigos nao visam apenas informar, esclarecer, ressignificar conceitos e resgatar o espírito de nossas práticas, mas sobretudo, questionar, suscitar dúvidas, provocar o diálogo e dissipar o obscurantismo intelectual que grassa em nossas comunidades de fé. Meu desejo é que todos tenhamos uma fé consciente.




Tenho apenas um padrão de conduta: Jesus




Tenho apenas uma mensagem: O evangelho































































quarta-feira, 25 de maio de 2011

O LADO AVESSO DA ASSEMBLÉIA DE DEUS
A (H)istória da AD que poucos conhecem.

         O artigo abaixo não segue a visão romântica e parcial dos livros da Assembléia de Deus, publicados pela CPAD. NÃO É UMA REFLEXÃO SOBRE A HISTÓRIA DA DENOMINAÇÃO, mas sobre algumas coisas que poucos membros da AD conhecem.
         Um amigo de seminário monografou em 2008 sobre o desconhecimento denominacional dentro das Assembléias de Deus. Porque será que não há incentivo por parte da liderança da AD para que seus membros conheçam sua história? Porque será que as poucas faculdades que ainda carregam o rótulo da AD são particulares? Porque será que o primeiro seminário da denominação que trás o nome de IBAD (instituto Bíblico das Assembléias de Deus) é uma entidade particular que nunca recebeu recurso da denominação para sua manutenção?
         Pra você que deseja conhecer um pouco mais a história da AD, segue uma lista dos principais livros:
·        As Assembléias de Deus – origem, implantação e militância. Gedeon Freire Alencar. Arte editorial
·        História das Assembléias de Deus – Emílio Conde. CPAD, 1960
·        História das Assembléias de Deus- Abraão de Almeida. CPAD 1982

         Vamos direto ao ponto. A Assembléia de Deus começou dissidente, surgiu dizimando uma igreja batista. Apesar de missionários, os pioneiros da AD começaram fazendo proselitismo religioso. Os 18 cristãos que deram inicio da AD foram excluídos da Igreja Batista por subversão. O motivo da exclusão foi à ênfase na contemporaneidade dos dons espirituais, sobretudo o de línguas estranhas. Os fins justificam os meios?
                  Bom seria se todos os membros da AD conhecessem sua história. Assim não teríamos tantos cristãos sectários, que confundem a denominação com o reino de Deus, que acham que a AD é a mais antiga e a melhor expressão do evangelho no país.           Por isso antes de você bater no peito e dizer “Eu sou Assembleiano” diga “Eu sou de Jesus”. A assembléia é apenas uma, dentre tantas outras. Não é a melhor, nem a pior, é apenas mais uma.
         [1]Não tenho dúvidas de que os missionários pioneiros da AD desejaram fundar igrejas batistas no Brasil. Com certeza a exclusão da Igreja batista não estava em seus planos. Mesmo depois de fundarem a AD Gunnar Vingren retornou 03 vezes a Estocolmo na Suécia. O desejo de Gunnar era manter a Assembléia de Deus [2]ligada à Igreja Batista Sueca, sua igreja de origem e que praticamente o sustentava no Brasil. Se Gunnar tivesse vivido mais (faleceu 22 anos depois da fundação da AD), as Assembléias de Deus seriam igrejas congregacionais, autônomas e independentes, o modelo batista de gestão eclesiástica. É bem verdade que Daniel Berg viveu até 1963, mas não tinha “tato” para liderança, nunca assumiu a liderança de nenhuma igreja no país, era um missionário, que vivia pelas ruas entregando folhetos. Os rumos da AD seriam outros se Gunnar Vingre tivesse ficado na liderança da AD por mais tempo.
         Esse modelo episcopal, o poder centralizado no líder e igrejas dependentes, uma espécie de rede de igrejas interligadas financeira e administrativamente acaba gerando pastores corruptos. Em muitas igrejas do país o critério para se mudar de campo é quase sempre a renda da Igreja. Os sociólogos da religião, dizem que nunca houve na história da AD uma divisão por questões teológicas, apenas por questões de poder. Uma igreja autônoma, independente e local inibe as disputas de poder no meio eclesiástico.
         Hoje os membros da AD lamentam os novos ministérios, convenções e igrejas independentes da CGADB, eles dizem que essas divisões estão fragmentando a maior igreja evangélica do país. Eu já vejo por outro lado. As divisões na AD são movidas apenas por poder, isto quer dizer que as igrejas que se desligam da CGADB não deixam de ser Assembléia de Deus, se desligam apenas da convenção, quase que exclusivamente por uma questão de administração, poder e controle. Não se espante com o que vou dizer, mas eu ficaria feliz se houvessem mais divisões “administrativas” dentro da AD, quanto mais às igrejas se tornam independentes, mais elas se tornam difíceis de controlar e administrar como se fossem empresas da fé. [3]Meu ideal utópico em relação a essa igreja centenária era de que as igrejas mantivessem apenas uma relação fraterna, doutrinal e espiritual. A vontade dos seus legítimos fundadores, mas sei que isto não é possível.
         No ano em que a AD celebra cem anos de existência, é fundamental que seus membros conheçam sua história e re-pensem o jeito assembleiano de ser.

@2011 Nilton Saves
        
        


[1]  Eles eram da Igreja Batista em Estocolmo Suécia, uma igreja batista pentecostalizada, e quando vão aos EUA, freqüentam também uma Igreja batista. Gunnar Vingre até pastoreou a primeira Igreja Batista em Chicago.
[2]  Uma ligação fraterna e espiritual, não uma ligação administrativa e /ou financeira.  
[3] Leia meu artigo, não é possível mudar o sistema de uma denominação

terça-feira, 24 de maio de 2011

RE-PENSANDO A IGREJA


Segue a baixo alguns insights sobre a Igreja. Re-pensar a Igreja é o que tenho feito nos últimos anos. De cada dez livros que leio nove são sobre a igreja. Até meu livro que está sendo partejado intitula-se confissões de um dependente de Igreja. Acredito na Igreja, apesar da igreja.  Não sou um desigrejado, ou um adepto do movimento dos sem –igreja, contudo acredito que Deus tem filhos que a igreja não tem.  Em face desse desencanto acelerado com a igreja institucional, urge mantermos nosso compromisso inegociável com a comunidade fundada por Jesus.          Ainda é possível ser igreja e viver como igreja sem deixar a igreja “Institucional”. Por isso minha ardorosa tarefa de repensá-la, re-significá-la num contexto cada vez mais descrente com o movimento de Jesus encaixotado pela instituição.  
         Todos os insights abordados nestes artigos são paliativos do que está no meu livro. Espero que você leia, entenda, assimile, critique e acima de tudo, ao final, não desista da igreja.

Re-significando nosso conceito de Igreja.
Re-significando nosso conceito de Culto
Re-significando nosso conceito de Contribuição
Re-significando nosso conceito de Trabalho
Re-significando nosso conceito de Mundo
Re-significando nosso conceito de Evangelização
        


Re-significando nosso conceito de Igreja

A igreja de Jesus e sua essência.
         A Igreja é a comunidade dos discípulos de Jesus em ação no mundo. [1]”É Cristo existindo em comunidade”. Quanto mais informal, mais a igreja se aproxima de sua identidade comunitária.

A igreja de Jesus e sua liderança
         Na igreja de Jesus os pastores são mentores espirituais, não mediadores do relacionamento da comunidade com Deus.  Na Igreja de Jesus existe o ministério dos pastores da Igreja e a função pastoral da Igreja. Na Igreja de Jesus o ministério é exercido mediante vocação e serviço, não mediante posição, hierarquia, título ou ordenação.  Na igreja de Cristo cada cristão é um ministro, e não apenas aqueles que foram ordenados por uma convenção.

A igreja de Jesus e sua missão
            Não podemos separar a missão da Igreja da missão de Cristo, na verdade Cristo está em missão no mundo através da Igreja. Deus enviou Jesus ao mundo (Jo. 3.16) e Jesus enviou sua igreja ao mundo (Jo. 17.18). Assim a missão da Igreja é dar continuidade ao ministério terreno de Jesus, ela é a extensão do ministério de Jesus. Como Corpo de Cristo ela representa Cristo no mundo através do que é, faz e diz.  A missão da Igreja, portanto, é fazer discípulos de Jesus e não apenas convertidos ao cristianismo.
A igreja de Jesus e sua organização
         A igreja de Jesus é um organismo vivo, orgânico, dinâmico e ativo. Templos, estruturas e programas, são necessários, mas prescindíveis na vida da Igreja. Uma igreja que prioriza estruturas, orçamentos, programas e construções em detrimento de pessoas, não compreendeu ainda a essência de sua missão. A Igreja de Jesus se organiza a partir de valores, princípios, idéias, missão e engajamento comunitário, e não necessariamente a partir do templo, domingo, culto, clero.



[1] Dietrich Bonhoeffer

segunda-feira, 23 de maio de 2011

REPENSANDO A IGREJA - Não é possível mudar o sistema de uma denominação

                      Não é possível mudar o sistema de uma denominação. Geralmente o sistema de uma igreja é maior que a própria dinâmica da igreja, por estar ligado à identidade da própria denominação. Se uma igreja abre mão de sua visão ministerial, sua forma de administração e seus conceitos teológicos ela deixa de ser, ela perde sua identidade que a distingue de outras confissões de fé.
                        Se um padre após anos de estudos descobre que certos costumes, tradições e dogmas do catolicismo não encontram respaldo escriturístico ele tem duas opções diante de si, ou ele contesta sob pena de excomunhão, ou ele aquiesce à visão da Igreja em nome de sua carreira ministerial. Não existe possibilidade de um padre mudar o sistema de doutrinas do catolicismo e mesmo que isso acontecesse a Igreja católica deixaria de ser igreja católica, perderia sua identidade peculiar. Nesse sentido as tradições, costumes, dogmas, crenças e modelos administrativos de uma igreja são maior que as pessoas que participam dela.
            O mesmo princípio se aplica as Assembléias de Deus. Sou cônscio de que a visão teológica, o sistema administrativo, tradições e costumes da AD, são elementos que lhe dão identidade denominacional. Os membros da AD aspirantes ao ministério têm diante de si duas opções, ou se adéquam ao sistema vigente para reproduzi-lo no futuro ou serão expurgados caso proponham uma visão diferente.
            Esses elementos dão forma à denominação, eles a tornam diferente das demais, caso houvesse uma mudança nesse sistema ela deixaria de ser Assembléia de Deus e, por conseguinte perderia sua peculiaridade, pois a identidade de uma denominação estar ligada a sua historia, estrutura física, administrativa, tradições, costumes e doutrinas.
            Jesus lidou com essa realidade há mais de 2.000 anos atrás quando inicia sua igreja fora dos paradigmas da religião judaica. Ele poderia ter reformado o judaísmo, mas ele sabia que esse caminho resultaria em um cristianismo judaico, impregnado de conceitos e costumes da religião de Israel. O cristianismo segundo Jesus seria vinho novo em odres novos. Apesar dessa ruptura com o judaísmo o cristianismo não conseguiu se desvencilhar totalmente de algumas práticas judaicas no início da Igreja. Se não fosse a coragem e ousadia de Paulo em reforçar através de suas cartas a superioridade do cristianismo em relação ao judaísmo nós teríamos um cristianismo-judaico sincrético.  O cristianismo saiu das entranhas do judaísmo, razão pelo qual o judaísmo estava tão entranhado no cristianismo incipiente. Jesus era consciente dessa realidade, por mesmo optou pelo surgimento de um modelo de espiritualidade radicalmente oposto ao judaísmo dos seus dias.
            Isto posto podemos depreender que em uma Igreja sistêmica, a forma molda a essência e não a essência molda a forma. A Igreja que a essência prescinde ou supera a forma é flexível, atual e relevante em qualquer contexto. Por outro lado uma igreja em que a forma supera a essência será sempre inflexível, obsoleta e retrógrada.  
                                                                      
           

segunda-feira, 9 de maio de 2011

REPENSANDO A IGREJA

Estou repensando a Igreja. Re-significando nossos conceitos. Busco resgatar o princípio de nossas práticas. Em breve estarei postando os artigos... o assunto é muito complexo, demanda muito cuidado...








quinta-feira, 5 de maio de 2011

A IGREJA É CRISTO EXISTINDO EM COMUNIDADE (Dietrich Bonhoeffer)


             Essa declaração de Bonhoeffer aponta para a essência da Igreja.  A Igreja de Jesus não é uma instituição, um movimento revolucionário, uma associação ou entidade político-social. Ela pode se valer desses elementos, mas não o é, em essência. A Igreja é o corpo de Cristo no mundo, isso quer dizer que Cristo é visto e percebido no mundo através da sua igreja, isto é, através de pessoas comprometidas com sua missão no mundo.
            A Igreja é a comunidade dos discípulos de Jesus no mundo. Ela é a extensão do ministério terreno de Jesus.  Ela é o encontro de pessoas que vivem em torno de Jesus Cristo (Mt.18.20). “[1]Nesse sentido estar no caminho, conhecer a verdade e desfrutar a vida é relacionar-se intensamente com essa pessoa”.  O discípulo de Jesus não é aquele que possui o conhecimento correto das doutrinas do cristianismo, nem tampouco aquele que aderiu a alguma denominação cristã, mas aquele que segue os ensinos de Jesus imita sua vida e ministério e vive em comunidade.  Nossa identidade cristã TEM MAIS a ver com nosso compromisso com a VIDA DE JESUS do que com nossa relação com alguma igreja local.


[1] Ariovaldo Ramos, nossa Igreja Brasileira.