A (H)istória da AD que poucos conhecem.
O artigo abaixo não segue a visão romântica e parcial dos livros da Assembléia de Deus, publicados pela CPAD. NÃO É UMA REFLEXÃO SOBRE A HISTÓRIA DA DENOMINAÇÃO, mas sobre algumas coisas que poucos membros da AD conhecem.
Um amigo de seminário monografou em 2008 sobre o desconhecimento denominacional dentro das Assembléias de Deus. Porque será que não há incentivo por parte da liderança da AD para que seus membros conheçam sua história? Porque será que as poucas faculdades que ainda carregam o rótulo da AD são particulares? Porque será que o primeiro seminário da denominação que trás o nome de IBAD (instituto Bíblico das Assembléias de Deus) é uma entidade particular que nunca recebeu recurso da denominação para sua manutenção?
Pra você que deseja conhecer um pouco mais a história da AD, segue uma lista dos principais livros:
· As Assembléias de Deus – origem, implantação e militância. Gedeon Freire Alencar. Arte editorial
· História das Assembléias de Deus – Emílio Conde. CPAD, 1960
· História das Assembléias de Deus- Abraão de Almeida. CPAD 1982
Vamos direto ao ponto. A Assembléia de Deus começou dissidente, surgiu dizimando uma igreja batista. Apesar de missionários, os pioneiros da AD começaram fazendo proselitismo religioso. Os 18 cristãos que deram inicio da AD foram excluídos da Igreja Batista por subversão. O motivo da exclusão foi à ênfase na contemporaneidade dos dons espirituais, sobretudo o de línguas estranhas. Os fins justificam os meios?
Bom seria se todos os membros da AD conhecessem sua história. Assim não teríamos tantos cristãos sectários, que confundem a denominação com o reino de Deus, que acham que a AD é a mais antiga e a melhor expressão do evangelho no país. Por isso antes de você bater no peito e dizer “Eu sou Assembleiano” diga “Eu sou de Jesus”. A assembléia é apenas uma, dentre tantas outras. Não é a melhor, nem a pior, é apenas mais uma.
[1]Não tenho dúvidas de que os missionários pioneiros da AD desejaram fundar igrejas batistas no Brasil. Com certeza a exclusão da Igreja batista não estava em seus planos. Mesmo depois de fundarem a AD Gunnar Vingren retornou 03 vezes a Estocolmo na Suécia. O desejo de Gunnar era manter a Assembléia de Deus [2]ligada à Igreja Batista Sueca, sua igreja de origem e que praticamente o sustentava no Brasil. Se Gunnar tivesse vivido mais (faleceu 22 anos depois da fundação da AD), as Assembléias de Deus seriam igrejas congregacionais, autônomas e independentes, o modelo batista de gestão eclesiástica. É bem verdade que Daniel Berg viveu até 1963, mas não tinha “tato” para liderança, nunca assumiu a liderança de nenhuma igreja no país, era um missionário, que vivia pelas ruas entregando folhetos. Os rumos da AD seriam outros se Gunnar Vingre tivesse ficado na liderança da AD por mais tempo.
Esse modelo episcopal, o poder centralizado no líder e igrejas dependentes, uma espécie de rede de igrejas interligadas financeira e administrativamente acaba gerando pastores corruptos. Em muitas igrejas do país o critério para se mudar de campo é quase sempre a renda da Igreja. Os sociólogos da religião, dizem que nunca houve na história da AD uma divisão por questões teológicas, apenas por questões de poder. Uma igreja autônoma, independente e local inibe as disputas de poder no meio eclesiástico.
Hoje os membros da AD lamentam os novos ministérios, convenções e igrejas independentes da CGADB, eles dizem que essas divisões estão fragmentando a maior igreja evangélica do país. Eu já vejo por outro lado. As divisões na AD são movidas apenas por poder, isto quer dizer que as igrejas que se desligam da CGADB não deixam de ser Assembléia de Deus, se desligam apenas da convenção, quase que exclusivamente por uma questão de administração, poder e controle. Não se espante com o que vou dizer, mas eu ficaria feliz se houvessem mais divisões “administrativas” dentro da AD, quanto mais às igrejas se tornam independentes, mais elas se tornam difíceis de controlar e administrar como se fossem empresas da fé. [3]Meu ideal utópico em relação a essa igreja centenária era de que as igrejas mantivessem apenas uma relação fraterna, doutrinal e espiritual. A vontade dos seus legítimos fundadores, mas sei que isto não é possível.
No ano em que a AD celebra cem anos de existência, é fundamental que seus membros conheçam sua história e re-pensem o jeito assembleiano de ser.
@2011 Nilton Saves
@2011 Nilton Saves
[1] Eles eram da Igreja Batista em Estocolmo Suécia, uma igreja batista pentecostalizada, e quando vão aos EUA, freqüentam também uma Igreja batista. Gunnar Vingre até pastoreou a primeira Igreja Batista em Chicago.
[2] Uma ligação fraterna e espiritual, não uma ligação administrativa e /ou financeira.
[3] Leia meu artigo, não é possível mudar o sistema de uma denominação

Eu, Manoel Antonio, apoio a ideia de descentralização de poder, entendo ser a maneira mais democrática de administração e a que menos gera oportunidades para maus carácters. Embora o meu desejo é que essa descentralização ocorre para agir de maneira diferente e não como o Pr Silas Malafaia está fazendo.
ResponderExcluirQue o Senhor esteja contigo, e eu sei que Ele está.